Duas questões aparentemente independentes são problema em diversos países do mundo. A primeira, o déficit de moradias (valor que considera a quantidade de pessoas com moradia inadequada). A segunda, a quantidade de garrafas plásticas deixadas nas ruas, sem destino adequado. Mas a Associação de Desenvolvimento de Energias Renováveis (DARE), organização não governamental sediada na Nigéria, apresentou uma solução criativa que minimiza ambos os problemas: a construção de casas utilizando garrafas PET e areia.
A Nigéria conta com um déficit habitacional de 18 milhões de moradias e, segundo especialistas, descarta diariamente três milhões de garrafas plásticas. O projeto apresentado na aldeia Sabon Yelwa pela DARE se apresenta como uma alternativa sustentável e de baixo custo a estes dois problemas que fazem parte da realidade do país.
O projeto realizado pela DARE em parceria com a ONG Africa Community Trust, sediada em Londres, propõe a substituição do tijolo por garrafa e areia. Depois de cheias, as garrafas são compactadas com uma camada de barro e cimento que auxilia na estruturação da edificação. A ação teve início em julho de 2011 na Nigéria, mas o uso da “garrafa-tijolo” tem origem na Índia e América Latina, por volta do ano 2000. A ideia causa inicialmente estranhamento e nos questionamos sobre a eficiência e durabilidade da edificação, porém as construções utilizam alicerce de concreto, que garante a estabilidade da casa, e a areia que preenche as garrafas é peneirada, o que facilita sua compactação. Além disso, as casas são resistentes ao fogo, a balas e terremotos, e são capazes de manter uma temperatura interna de 18 graus Celsius, agradável em um país de clima tropical.
Inicialmente foram construídas 25 casas em um terreno doado por um empresário e ambientalista grego. Cada casa contém quarto, sala, banheiro, cozinha e um pátio e utiliza 7800 garrafas plásticas. Uma casa de 58 m² custa em média 12.700 dólares. De acordo com Yahaya Ahmed, da Associação Nigeriana de Desenvolvimento para Energias Renováveis, a casa custa um terço do preço de uma construção convencional de tijolos. E ainda segundo ele: “Areia compactada dentro de uma garrafa é quase 20 vezes mais resistente do que tijolos. Planejamos construir, inclusive, um prédio de três andares”. A DARE pretende, após a construção das casas, estender a técnica utilizada na construção de uma escola para crianças de rua locais.
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